Alguns domingos à noite, novas teorias e considerações
.

(E vá lá, à quarta uns apontamentos....)


domingo, 20 de janeiro de 2008

Ora venham de lá os amendoins, os tremoços e as batatas fritas.

A semelhança entre amendoins, tremoços e batatas fritas é não os podermos considerar uma refeição, mas sim meros aperitivos ou snacks. Não são alimento suficiente para um almoço ou um jantar e a única razão porque isto acontece, não é por serem pouco nutritivos, pouco saudáveis, mas simplesmente porque metade fica nos dentes. É por isso que são aper-itivos. Abrem o apetite, mas não alimentam. Dão ao nosso corpo a vontade de ter uma refeição. O processo é semelhante, pegamos no alimento, pomos na boca, mastigamos, mas não engolimos... E o nosso corpo óbviamente fica a pensar: falta aqui qualquer coisa. Daí que aparece o apetite como quem diz, então pá? Brincamos? Basicamente brincamos em vez de comermos.

Isto da nossa perspectiva, porque da perspectiva do amendoin é qualquer coisa como: Não, eu não quero ir já, não, não quero ser digerido..AH! E agarram-se aos dentes numa tentativa desesperada de fugir ao destino...
O amendoin, a batata frita e o tremoço dizem aos restantes alimentos que não querem ir para o estômago, não querem ser digeridos, recusando-se a aceitar o seu destino, levando antes uma vida boémia de bar em bar, de esplanada em esplanada, sempre acompanhados dos seus amigos finos. São o jet set do mundo alimentar!
Assim como no jet set estão os tremoços, os amendoins e as batatas fritas da sociedade.
Cirúgias plásticas aos 95 numa recusa do destino, a roupa transparente para disfarçar o interior que no fundo não sabe a nada, é a atitude tremoço agarrado aos dentes. (Para não caírem.)
Voltando agora à perspectiva dos humanos, deixando a do jet set portanto, é de frisar que estes aperitivos são essenciais ao bom funcionamento da sociedade.
Primeiro chegamos a um bar e sentamo-nos com três ou quatro amigos, mas se não forem amigos não faz mal. Nunca vai haver aquele momento de silêncio constrangedor se na mesa houver tremoços, amendoins ou batatas fritas. Está toda a gente mais preocupada em tirar os bocados presos aos dentes do que em quebrar o silêncio.

E aqui se faz a divisão da sociedade, nas três classes de consumo de salgados.
Classe baixa, também conhecida por povo: fazem parte as pessoas que imediatamente tiram os bocados presos nos dentes com o dedo, se não houver palito à mão, sem qualquer inibição.
Classe média: ficam envergonhados a fazer movimentos estranhos com a boca até ganharem a coragem para disfarçadamente, usarem o dedo.
Classe alta: Não come tremoços. Tem medo que os dentes fiquem presos nos tremoços.

E esta divisão embora coincida em parte com a divisão em camadas sociais - económicas ou outras - não se ajusta exactamente a essa. Muita gente das aristocracias de história e de dinheiro pertence" , em termos de consumos de salgados, ao povo.

(Um agradecimento à Inês pela ideia e ao restante bom povo com quem bebi finos e partilhei aperitivos.)

Nenhum comentário: